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ELEIÇÕES 2012 NA SÉRVIA


A partir das 7 horas da manhã deste domingo (06), dia de São Jorge ortodoxo, as urnas estarão abertas para receber os votos dos eleitores sérvios nas eleições presidenciais, parlamentares, municipais e provinciais. Com o voto não obrigatório, a Comissão Eleitoral da República (RIK) espera um total de 6.770.013 eleitores, que poderão escolher entre 18 candidatos nas eleições parlamentares e 12 nas presidenciais.

Desde de 1990, a Sérvia só teve três chefes de Estado eleitos: Slobodan Milošević (governou por dois mandatos, 1990-97), Milan Milutinović (1997-2002) e Boris Tadić (também por dois mandatos, 2004-hoje). Nas eleições de hoje, assim como nas duas últimas, a disputa maior se dá entre o centrista Partido Democrata (DS), do atual presidente Boris Tadić, e o mais nacionalista Partido Progressista Sérvio (SRS), de Tomislav Nikolić. Porém, o Partido Socialista da Sérvia (SPS), de Ivica Dačić também é considerado forte. Veja abaixo um resumo do que cada um destes partidos propõem:

Partido Democrata (DS)

O Partido Democrata foi criado em 1989 como o primeiro partido de oposição na Sérvia. Seu presidente era Dragoljub Mićunović, um parlamentar que se destacava por seu trabalho em direitos humanos.

  • O partido tem valores pró-ocidentais, incluindo a integração à União Europeia, pragmatismo político e cooperação com a comunidade internacional.

  • Enquanto se mantém firmemente contra a independência do Kosovo, a coligação argumenta que a Sérvia deveria virar suas costas para os nacionalismos do passado. Acreditam que somente a União Europeia trará melhoras duradouras na vida das pessoas. O slogan do partido nas eleições de 2008 era: "Tanto UE quanto Kosovo".

  • Hoje, é o maior partido em número de membros. Um ano depois do assassinato do primeiro ministro e fundador do Partido Democrata moderno, Zoran Đinđić, em março de 2003, Boris Tadić, membro desde 1990, foi eleito presidente do partido. No mesmo ano, ele venceu as eleições presidenciais da Sérvia.

  • Os críticos dizem que o atual DS perdeu os valores da era Đinđić e que se corrompeu com o passar dos anos no governo.

Partido Progressista Sérvio (SNS)

O Partido Progressista Sérvio foi formado em outubro de 2008 por um grupo de deputados que, sob o comando de Tomislav Nikolić, se afastaram do Partido Radical Sérvio (SRS), de Vojislav Šešelj.

  • Nikolić renunciou como vice-líder do Partido Radical Sérvio devido a divergências com Šešelj (atualmente em julgamento em Haia) relacionadas à vontade de Nikolić de moderar a imagem nacionalista do partido e de entrar na União Europeia.

  • Na cerimônia de fundação do SNS, Nikolić disse que seu partido seria "uma ponte entre o oriente e o ocidente, com o objetivo de, no futuro, formar uma união com a Republika Srpska".

  • Com o passar do tempo, o Partido Progressista Sérvio ficou mais focado na UE e adquiriu um perfil político mais próximo dos Democratas. Seus líderes são vistos em reuniões com autoridades da UE frequentemente.

Partido Socialista da Sérvia (SPS)

O Partido Socialista da Sérvia foi formado em 1990 como uma fusão da Liga dos Comunistas da Sérvia, de Slobodan Milošević, e da Aliança Socialista do Povo Trabalhador da Sérvia.

  • Ivica Dačić tomou o controle do partido em dezembro de 2006 após a morte de Milošević em Haia em março do mesmo ano. Ele, então, começou a modernizar o partido e a deixar o seu passado ultranacionalista para trás. Desta forma, o partido começou a se distanciar das políticas anteriores e a se tornar a favor da integração da Sérvia na União Europeia.

  • A defesa da justiça social, educação gratuita e segurança social para todos levou o partido para coligações com o Partido dos Pensionistas Unidos da Sérvia e o Partido Sérvia Unida.

  • Nas eleições passadas, o SPS com seus parceiros de coligação ganharam 7,58% dos votos e entraram em um governo liderado pelos Democratas. Os Socialistas seguraram a posição de primeiro Vice-Primeiro Ministro (Ivica Dačić) e quatro posições ministeriais.

Outros partidos apresentam propostas radicais demais (como o Partido Radical da Sérvia, que é ultranacionalista, firmemente contra o reconhecimento da independência do Kosovo e a cooperação da Sérvia com a UE e quer trazer de volta o ideal de criar uma Grande Sérvia) ou ocidentais demais (como o Movimento de Renovação Sérvio, que acredita que "a Sérvia deve encarar a realidade e aceitar a perda do Kosovo").

As mais recentes pesquisas feitas pela agência Faktor Plus mostram que 35,5% dos eleitores pretende votar nos progressistas, enquanto 28,3% apoiam os democratas. Contudo, isso não garante a vitória se analisarmos as tabelas abaixo, que mostram como Tadić venceu as duas últimas eleições "de virada" no segundo turno contra Nikolić:

De qualquer forma, a rivalidade entre os dois candidatos é tanta que os partidos chegaram a fazer propaganda diretamente um contra o outro, utilizando-se de panfletos, cartazes e até comerciais na TV! O vídeo abaixo, disponibilizado pelo Partido Democrata, mostra como Tomislav Nikolić se contradiz, sendo um dia contra a entrada da Sérvia na UE e, no outro dia, a favor. No final do vídeo, é dito: "Tomislav Nikolić disse uma coisa ontem, hoje outra e o que dirá amanhã?"

Rapidamente, os Progressistas retrucaram com o comercial abaixo, que mostra Boris Tadić brindando com champanhe com seus aliados e diz: "Eles vivem bem agora, mas e você?"

Em abril, Boris Tadić renunciou ao cargo de presidente da República da Sérvia, dez meses antes do fim de seu mandato, para forçar que as eleições presidenciais acontecessem juntamente com as eleições parlamentares, municipais e provinciais de hoje. Ele acreditava que, com esta decisão arriscada e corajosa, teria mais chances de ser reeleito, pois aproveitaria o bom momento das negociações com a UE e com o Kosovo, que deixa sua popularidade em alta, para atrair mais votos para o Partido Democrático.

Apesar do bem sucedido caminho traçado através de negociações com Kosovo e a comunidade internacional, que rendeu à Sérvia o status de candidata à entrada na UE, Tadić recebeu críticas em seu governo exatamente por focar todos os seus esforços na entrada da Sérvia na UE e, por isso, ter se esquecido de buscar outras soluções para os problemas socioeconômicos do país. É aí que Tomislav Nikolić ganha espaço com seu caráter mais nacionalista (que será muito bem-vindo pelos sérvios), que fará com que seja mais duro nas negociações com a UE e com Kosovo, sendo a favor da integração sem ignorar outras alternativas. Nikolić é popular por atitudes que toma contra a corrupção e a favor da maior empregabilidade do país. Pode ser considerado o meio termo entre Boris Tadić e Ivica Dačić.

Autoridades da comunidade internacional torcem para que forças políticas totalmente comprometidas com a integração à UE e com a cooperação regional vençam as eleições de domingo. Além de Nicolas Sarkozy ter declarado total apoio à candidatura da Sérvia, o Comissário de Crescimento Europeu, Štefan Füle, declarou:

"Se me perguntarem se esperamos ter uma administração que esteja ainda mais comprometida com a cooperação regional e a integração europeia, a resposta é 'sim', e desejamos cooperar com eles" - Štefan Füle

O desejo de cooperação da comunidade internacional é tão grande que chega até a ser irônico. A conselheira de Barack Obama, Elizabeth Sherwood, afirma que será oferecida à Sérvia, após o término das eleições, uma parceria com a OTAN. "Se a Sérvia continuar com suas reformas e o povo sérvio decidir o caminho da integração euro-atlântica, as portas da OTAN estarão abertas", diz Elizabeth. Quem acha que isso vai realmente acontecer? Só mesmo se toda a Sérvia tiver perdido a memória!

Enquanto isso, no Kosovo, os cidadãos sérvios não apenas não terão direito ao voto nas eleições municipais como também surgiu a ameaça de boicote das eleições presidenciais e parlamentares, organizado por organizações extremistas e unidades paramilitares de albaneses kosovares. Por isso, foi acionada a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) para ajudar na coordenação das eleições na província do Kosovo e Metohija.

Apenas para esclarecimento: o mandato de presidente na Sérvia dura 5 anos e um candidato não pode ter mais que dois mandatos seguidos. No entanto, Boris Tadić tem o direito de concorrer, uma vez que, segundo a nova Constituição, adotada em 2006, o seu mandato atual é o primeiro.

Vamos acompanhar estas eleições que, certamente, serão muito importantes para o futuro da Sérvia! Fique ligado na página do Bem-vindo à Sérvia, no Facebook, para mais detalhes.

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